Eu
já perdi as contas de quantas vezes eu já falei sobre isso aqui no blog, nas
minhas redes sociais e com algumas meninas que eu tive a oportunidade de
conversar sobre isso, mas hoje eu resolvi falar sobre a mesma temática
novamente e vou continuar a falar quantas vezes for preciso até que eu consiga
no mínimo, sensibilizar as mulheres (e os homens também, porque eles são tão influenciados quanto) a amarem os seus
corpos, porque amar a si mesma é o mais lindo ato de rebeldia contra o sistema
que nós podemos fazer.
Que
somos aprisionadas pelo padrão normativo de corpo ideal que a sociedade impõe
na mulher é fato, mas o que mais me entristece é que por muitas vezes nós somos
influenciadas de um jeito negativo e que não nos trazem a autoconfiança, a
autoestima e isso não é nada legal. Recentemente eu presenciei uma cena em que
duas meninas comparavam os seus corpos reparando em quem tinha mais peito ou
bunda, quem tinha menos estrias ou celulites, receio de mostrar o corpo num
vestuário... É um absurdo ver o quanto esse sistema nos influencia de um jeito
tão maléfico, tão intolerante, tão burro.
Você
menina, não é superior por ter um corpo tipo ‘’padrão sociedade’’, por vestir o
famoso 36 e também você não é inferior por não ter o tal mito do ‘’corpo
perfeito’’, por vestir o número 40, 42, 44, 28, 30, 32 ou o que seja. Você é
linda exatamente como é, você é única e o seu corpo é único, porque cada corpo
tem um biótipo diferente. A gente tem mania de se espelhar em pessoas para
conseguir aquela bunda grande, aquela coxa torneada, aquela barriguinha sarada,
daí a gente se entope de programas de musculação desnorteados e sem consulta ao
profissional da educação física, da nutrição, fazemos dietas radicais,
suplementos exagerados e nos perdemos no caminho, porque a gente não vai
conseguir ter exatamente aquela perna, aquela bunda e aquela barriga sarada
porque aquele corpo é único, ele tem um biótipo próprio da mesma forma que você
tem o seu; você pode conseguir isso sim, mas não espere que seja igual o
daquela mulher da foto editada e distorcida da realidade.
Eu
não estou aqui impondo uma ‘’ditadura’’ a aceitação do corpo, o que eu pretendo
trazer com esse texto é uma inquietação para gente pensar sobre o que seria o
‘’corpo ideal/perfeito’’, será que ele não seria o nosso próprio corpo, mesmo
com estrias, celulites e todas as suas ‘’imperfeições’’? Será que essas
‘’imperfeições’’ que temos não fazem de nós quem somos? Não é a nossa
identidade? Não é a nossa história de vida? Será mesmo que temos que ser
perfeitas para servir a uma sociedade que está pouco se importando com o nosso
bem-estar físico, emocional e espiritual? Isso são coisas que valem a pena
pensar e que também me inquietam. A gente vive numa sociedade extremamente
autoritária no sentido de como ela nos impõe a ser, as revistas com as imagens das
modelos cheias de efeitos visuais para esconder as suas ‘’imperfeições’’ estão
aí como prova viva de que isso é real.
Eu
também não estou dizendo que você não tem que cuidar do seu corpo, que você não
tem o direito de mudar algo em si que não acha legal ou que frequentar a academia e
fazer musculação é influência do sistema, muito pelo contrário, você pode fazer
tudo isso porque você é livre e é livre também até para se inspirar em outras
mulheres, mas o que quero dizer com tudo isso é que deveríamos nos descravizar
desses padrões que nos destroem e que nos diminui. Amar o nosso próprio corpo e
mais do que isso, amar quem somos não é uma tarefa fácil, é árdua e requer
muitas desconstruções de ideias e de condutas prontas, muitas idas e vindas
constantes, muita luta e isso é uma tarefa inconstante porque vai de encontro
ao nosso emocional, mas o resultado disso tudo é lindo, a gente aprende a se
amar mais, a nos aceitarmos e a entendermos que o próprio amor é diferente de
amor próprio, porque o próprio amor transborda para si e para os outros.
Vamos
olhar os nossos corpos com menos julgo e mais amor. Vamos nos transformar aos
poucos. Vamos buscar amar a quem somos, a nossa essência, a nossa identidade,
porque o corpo (o externo) é algo muito passageiro e que se esvaia mas a nossa
essência (o interno) permanece, mesmo depois do corpo não existir mais. Eu
quero poder conversar mais sobre isso com as meninas, eu quero dividir os meus
fardos, angústias, alegrias, o que eu passei e o que ainda passo. Se for
fraqueza eu não me importo, mas fico feliz se pudermos compartilhar juntas
dessa fraqueza e superarmos ela a cada dia em nossas vidas. Por hoje é só.
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