Andava vagando pelos cantos como uma peregrina,
caminhando sem destino num caminho que parecia mais um labirinto e para
completar cheio de espinhos. Ela não se reconhecia mais, só tinha a certeza que
estava vivendo no emaranhado de emoções, numa inconstância só. O complexo
vira-lata invadia o seu ser de tal forma que amedrontava e a sua timidez só
aflorava tormentos. Era o desejo insano de se ver livre dos cativeiros
psíquicos que a aprisionava e impediam-na de ser livre.
Talvez
escrever não fosse o bastante para que ela se sentisse melhor, mas era o
bastante. Talvez o sentimento transferido para um pedaço de papel não fosse o
suficiente, mas era o suficiente. Talvez o que ela queria era ser compreendida
como era, com todas as suas particularidades, mas isto era uma tarefa quase
impossível. Só aquele pedaço velho de papel era capaz de entendê-la. Talvez o que ela era por dentro não fosse tão
importante quanto o que ela aparentava ser por fora, mas era importante. Ela não
tinha ideia da dimensão do seu ser, da sua essência e era lindo poder observar
aquilo naquelas entrelinhas.
O talvez será
sempre um talvez, mas isso não importa agora. Ela vivia mesmo era no mundo
efêmero tentando se reinventar diante do novo e do velho, tentando ressurgir a
cada dia melhor diante daquilo que ainda lhe movia enquanto gente como a gente,
gente de verdade. Aquilo doía, mas ninguém precisava saber.
No fundo, a
sua alma só queria paz, sossego e um refúgio para um estado de espírito seguro,
constante e equilibrado novamente. Só precisava de um pouco de ânimo e mais
ainda que aquela timidez que a deixava num extremo complexo de vira-lata
cessasse. Talvez ela precisasse de ajuda, a começar por ela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário