05/08/2016

Não reconheço-me mais...


  Andava vagando pelos cantos como uma peregrina, caminhando sem destino num caminho que parecia mais um labirinto e para completar cheio de espinhos. Ela não se reconhecia mais, só tinha a certeza que estava vivendo no emaranhado de emoções, numa inconstância só. O complexo vira-lata invadia o seu ser de tal forma que amedrontava e a sua timidez só aflorava tormentos. Era o desejo insano de se ver livre dos cativeiros psíquicos que a aprisionava e impediam-na de ser livre.
   Talvez escrever não fosse o bastante para que ela se sentisse melhor, mas era o bastante. Talvez o sentimento transferido para um pedaço de papel não fosse o suficiente, mas era o suficiente. Talvez o que ela queria era ser compreendida como era, com todas as suas particularidades, mas isto era uma tarefa quase impossível. Só aquele pedaço velho de papel era capaz de entendê-la.  Talvez o que ela era por dentro não fosse tão importante quanto o que ela aparentava ser por fora, mas era importante. Ela não tinha ideia da dimensão do seu ser, da sua essência e era lindo poder observar aquilo naquelas entrelinhas.
   O talvez será sempre um talvez, mas isso não importa agora. Ela vivia mesmo era no mundo efêmero tentando se reinventar diante do novo e do velho, tentando ressurgir a cada dia melhor diante daquilo que ainda lhe movia enquanto gente como a gente, gente de verdade. Aquilo doía, mas ninguém precisava saber.
   No fundo, a sua alma só queria paz, sossego e um refúgio para um estado de espírito seguro, constante e equilibrado novamente. Só precisava de um pouco de ânimo e mais ainda que aquela timidez que a deixava num extremo complexo de vira-lata cessasse. Talvez ela precisasse de ajuda, a começar por ela.

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