27/07/2016

Penso, logo opino: O machismo arraigado nas modalidades de lutas

Olá mobens, como estamos? Há algum tempo venho pensando em escrever sobre esta temática na tag ''Penso, logo opino'' e hoje resolvi escrever sobre o quanto a mulher sofre com condutas machistas de alguns homens que se dizem ser de bem. Lembrando que eu escrevi este texto a partir da realidade que vivo, e para quem ainda não sabe, eu sou atleta de judô. Então, vamos lá!



    Quem é que nunca ouviu comentários do tipo: ‘‘Ah, você é mulher e não deveria lutar’’, ‘’Você vai ficar parecendo um homem’’ e pior ‘’Cuidado para não te chamarem de sapatão’’(?). Escroto não é? E se eu disser que já fui obrigada a ouvir tudo isso? Pois é, e pode crer, foi horrível.
Confundir a forma com a qual a mulher se apresenta na sociedade e as escolhas que ela faz na vida com a sexualidade é, no mínimo, tolice. Mas antes fosse só isso, porque neste caso ainda teríamos a opção de desconstruir estas ideias com algumas conversas (como se fosse fácil, mas vamos imaginar que seja por um instante). Acontece que o buraco é muito mais embaixo. E, não pensem que são apenas as mulheres que sofrem com isso, os homens também.
    Sabem aqueles discursos do tipo: ‘’seja um homem’’, ‘’vai apanhar para uma mulherzinha’’, ‘’seja um ogro’’, pois então, os homens também sofrem nesse sentido, porém não sofrem no sentido literal da palavra, mas também são tratados como inferiores caso apresentem um comportamento diferente dos machões. Sem contar que é muito difícil você ver um homossexual (seja ele afeminado ou não) praticando uma modalidade de luta. E ainda tem a questão do porte físico; se você é homem e não aguenta treinar tanto quanto os outros, podem crer que estes discursos serão bem presentes na sua vida. O mais patético é saber que, mesmo o homem querendo inferiorizar outro homem, ele primeiro vai inferiorizar uma mulher.
    Que a luta atualmente é praticada em sua maioria pelos homens é fato, mas o que mais vejo dentro deste ‘’mundo das lutas’’ são discursos machistas e sexistas, e não só os discursos, antes fossem apenas estes, mas muitas vezes existem atitudes de violência contra a mulher, disfarçados de combates até então nada tendenciosos. Já ouvi relatos de casais de namorados que brigaram fora dos treinos e o ‘’machão’’ por ser mais graduado que a namorada, se achou no direito de chamá-la para lutar (até então tudo bem), mas que não lutou como a filosofia judoísta nos diz e sim agiu de maneira violenta para agredir indiretamente a sua parceira. Pode crer, é foda ter que dizer isto, mas infelizmente já ouvi este relato. E o pior é que as pessoas naturalizam isso.
    Além disso, também já presenciei e me submeti também ao uso abusivo de poder por parte de pessoas que eram mais graduadas do que eu e mais graduadas do que tais pessoas que eu pude presenciar, faltando com respeito à pessoa enquanto ser humano. Porra, uma coisa é o atleta respeitar a hierarquia das faixas (isso no judô) dentro do ambiente de treino e outra coisa bem diferente é você respeitar esta hierarquia sendo desrespeitado pelo mais graduado dentro e fora do local de treino e, além disso, ver a sua individualidade vulgo particularidade ser invadida. 
    Que nós mulheres somos vítimas de discursos e condutas machistas e sexistas isto é fato, e que os nossos corpos ainda são ‘’objetificados’’ também, mas que não deixemos este tipo de conduta interferir na pessoa que somos e naquilo que escolhemos viver. Que possamos nos empoderar a cada dia e que estes tipos de discursos só nos deem forças para desconstruir esses ‘’argumentos’’ inflamados de preconceitos e que ninguém cale a nossa voz. Um salve para as minhas manas de luta do ringue, do tatame e da vida!  

2 comentários:

  1. Oss... infelizmente isso acontece com todas as pessoas, não necessariamente a mulher, eu sou atleta de judô e quantas vezes já ouvi- " esporte de viado ficar se agarrando com os homens" esse tipo de coisa nos ignoramos e seguimos em frente, cada um sabe a batalha que tem.

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    1. Sim, infelizmente os homens também sofrem com isso e inclusive eu mencionei isto no texto. E, eu já ouvi este relato que você citou vindo de um homem para outro homem, é lasca. Eu acho que não deveríamos ignorar 100% porque assim só compactuamos com a ideia para que ela se reproduza mais e mais, mas que também não devemos nos importar demais com as opiniões alheias porque o nosso objetivo de vida é viver conforme nós queremos e não como os outros querem. Oss!

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