Numa
sociedade a qual nos encontramos bitolados a estarmos num padrão de
normalidade, amar o nosso corpo virou um ato de rebeldia. Por mais bobo que
aparente ser, a mídia ainda atua como um suposto sinalizador de padrão
estético, na qual o que se encontra fora da normalidade é tratado como um corpo
estranho (vulgo feio). Sabe aquelas revistas e sites que vez ou outra estão
sempre querendo nos ditar regras de como melhorar aqui e acolá, de emagrecer x
quilos em x semanas/meses e pior, de fazerem questão de escancarar para nós
mulheres que devemos fazer tudo isso para agradar um homem? Então, esses meios
de comunicação nos propõem modelos de corpos inexistentes e o que mais
impressiona é que terminamos tomando para si essa ideia platônica de que o
bonito é o que chamamos de padrão.
Nessa
ideia unilateral, amar o nosso corpo está para além de um ato de próprio amor,
tornou-se um ato político e de empoderamento. Se empoderar ultrapassa as
barreiras do gritar para o mundo ‘eu me amo’, é um autoconhecimento que se faz
de si, sendo um processo longo, rotineiro, cotidiano e árduo, mas que no final é
muito prazeroso e vale a pena. Usando o meu breve exemplo pessoal, quando eu
era adolescente (não que eu ainda não seja hahaha), eu tinha muita vergonha do
meu corpo e mais ainda dos meus seios, costumava dizer para minha mãe que
quando eu transasse jamais tiraria o meu sutiã. A aversão era tanta que eu mal
conseguia me olhar no espelho e encarar os meus peitos. Mas olha só como o
tempo passa e o quanto o próprio amor é importante em nossa vida, hein? Comecei
a olhar os meus seios com um olhar de aceitação e respeito pelo meu corpo, me
olhava no espelho e fazia questão de contemplar a maravilha que tinha/tenho em
meu corpo, dizia para mim mesma ‘que tetas gostosas’ (hahahahaha brincadeira).
Enfim, comecei a olhar os meus seios com amor e pode crer? Foi difícil e ainda
(vez ou outra) é, mas isso é prática diária e ninguém consegue se manter
equilibrado o tempo inteiro e isso é também outra prática diária.
O
nosso corpo é a morada da nossa alma e é através dele que nos esbaldamos nos
melhores prazeres da vida. Ele é único e cada detalhe dele faz de nós parte do
que somos. Que saibamos amar antes de tudo a nós mesmos, pois não há melhor
maneira de amar o outro senão a nós mesmos. Cada estria, cada celulite, cada
poro dilatado em nosso rosto, cada marca de expressão facial, aquele peito
caído maior do que o outro, aquele cabelo desarrumado e toda inteireza do corpo
são traços de histórias que vivemos no decorrer da vida. O que fica aqui e
agora é: ame o seu corpo, ame a quem você é, ame-se e só.
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