Corre solto em minhas veias o espírito de um folião apaixonado, que percorre no apertado das ladeiras de Olinda para prestigiar o bom e velho carnaval... Carnaval de muitos esplendores e de muitos amores vividos ali e guardados aqui, bem dentro de mim...
Ah! O frevo de rua... Esse som incomparável que alegram os bêbados, os sóbrios, os santos e até os que não dançam. E é assim mesmo, ele contagia todo mundo com tanta alegria que até quem não quer, se deixa levar pelo sonido dos instrumentos musicais.
E eu fico aqui contando os meses e os dias para receber o ano com muito frevo, porque ano novo que é ano novo só dar o ar da graça mesmo depois da quarta-feira de cinzas, que aí eu digo: Seja bem vindo dois mil e tantos, seja muito bem vindo ano novo!
Lembro-me com nostalgia do dia que beijei os lábios daquela menina com gosto. A menina era tão doce e o seu beijo então, nem ouso falar... Tomamos vinho e logo depois fomos ficando embriagados pelo envolver-se dos ritmos, da bebida e da dança, ali mesmo demos o nosso primeiro beijo de amor, lembro-me até da música, ''Ah! meu bem, não faz assim comigo não! Você tem, você tem que me dar seu coração!'', aquilo tudo foi o bastante.
Hoje estou aqui sentando na minha velha cadeira de balanço saboreando o meu café, minha companheira está ali na rede, tirando o seu cochilo da tarde... A minha companheira de antigos carnavais, que me acompanhou desde então. Estamos velhos e também felizes, porque aproveitamos por demais esse frevo que nos causou tanta paz e nos uniu de um jeito inesquecível. Folião que é folião não deixa o frevo ir embora assim não, vamos aproveitar! Só paro de frevar quando Deus disser ''Está bem, gozaste muito de tua mocidade e de tua velhice, vamos para um lugar melhor''.
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