19/09/2015

Bar do Zé Ninguém

    

Entrou no primeiro bar que avistou e pediu um maço de cigarro e o seu vinho predileto. Um, dois, três, duas garrafas ou três, cinco cigarros tragados de uma vez... Necessitava de um coma alcoólico para esquecer quem ela era por alguns instantes e talvez assim, pudesse matar a sua dor. 
    Avistou lá no fundo daquele lugar alguém em que pôde desabafar todas as suas histórias de amores incertos e momentos ingênuos de seus devaneios, aqueles olhares insignificantes que lhe atraiam... Era como o mito da sereia, atraía os homens e depois num ato de covardia, matava-o. 
    Era isso que lhe fazia sentir medo, tinha o dom de poetizar tudo, mas a sua realidade era cruel. Seus sentimentos eram enterrados pela insegurança e tamanha timidez que sentia, ela queria parecer forte, mas na verdade, sempre foi covarde. Por ela e só, esvaziaria o coração contando-lhe tudo o que sentia, mas ela guarda consigo a práxis do ''amor incerto'', daqueles que amedrontam. 
    Cansou-se disso e resolveu fazer as loucuras que arquitetara há tanto tempo... Saiu daquele bar desnorteada, mas chegou até a sua casa. Repousou. No dia seguinte, acordou com vontade de mudar o mundo - mesmo com a dor de cabeça que não lhe deixara sossegada -, revigorou a alma e voltou a sua sensatez. Àquela noite foi uma loucura, ela fez tudo o que nunca fez, embora ainda seja daquele jeito... 

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