06/04/2017

Um desabafo: Basta de violência contra a mulher!


    Sério, como podemos ver tantas desgraças acontecendo com as nossas mulheres e não poder fazer nada? O sentimento de impotência e de tristeza toma conta. A mulher não pode ter a sua liberdade de ter o seu emprego, morar sozinha na sua casa que vem um canalha se achando no direito de dominador entrar na casa de uma mulher e matá-la por sabe-se lá qual o motivo. Sério, como é que a gente olha para isso e consegue achar normal? E consegue dizer ‘’não é comigo, então eu não estou nem aí’’?
    Como é que simplesmente vem um cara (José Mayer) se achando dono do corpo da mulher apalpar a sua genitália sem permissão? E mais, como é que a gente ouve de uns escrotos que a mulher tem que se colocar no lugar dela para não estimular desejos sexuais nos homens e outro que o defende afirmando que isso foi uma brincadeira ‘’fora do tom’’ e a gente relativiza uma situação dessas? Gente, isso é mais do que sério! Pelo amor de Deus, parem o quanto antes!
    Será que vocês não percebem que isso já deveria ter se tornado retrógrado? Mas não, nós feministas estamos aqui para sermos superior aos homens não é? Parem com esse pensamento bosta! Pensamento mesquinho! Mulheres parem de dizer ‘’nós não precisamos do feminismo’’. Antes de vocês abrirem a boca para falarem isso se informem, procurem saber as vertentes que o feminismo traz, procurem entender a luta das mulheres, não fiquem se baseando em feministas extremistas não porque elas não representam nem metade das mulheres que precisam dele, das mulheres negras, pobres e da periferia, daquelas meninas novas que não tem perspectiva de vida e pensam que já estão feitas e criadas morando com um cara sacana, que bate nela quando bem entende e na hora que quiser, que obriga-a a fazer sexo quando ela não quer e se não quiser apanha, são obrigadas a viverem dentro de casa com um homem que bate, xinga, estupra, viola e ainda diz que ama. Isso não é amor gente, isso é abuso. Será que a gente não consegue se colocar no lugar dessas mulheres e pensarem nelas? E não venham me dizer que elas vivem nessa situação porque querem, porque não é assim. Elas não foram oportunizadas, elas não tiveram condições de ver o mundo como nós vemos, de ser criadas como nós fomos criadas. Eu nasci numa favela e me criei numa favela e tenho orgulho da pessoa que sou e da mulher que tenho me tornado.
    A violência contra a mulher arromba a tua porta, invade o teu espaço sem a tua permissão. Os homens se acham no direito de mandar e desmandar na vida das mulheres, na sexualidade das mulheres, no direito à vida das mulheres e nós nem titubeamos! Gente isso é mais do que sério. Isso é triste, é desumano, é catastrófico. Enquanto a gente achar que o feminismo é somente uma ideologia com vertente política (e também é, é importante que seja) e não algo que deveria estar enraizado em nós, nas nossas atitudes só teremos uma geração de mulheres oprimidas por essa sociedade bizarra. Feminismo é amor, é compaixão, é pela vida das mulheres. Como eu queria que ele pudesse chegar aqui na favela, aonde nem sequer as condições básicas de vida chegam. Como eu queria que um dia as mulheres da favela e oprimidas pudessem ser empoderadas, pudessem guiar as suas próprias vidas, pudessem estudar numa escola de qualidade, pudessem ter amigas que as colocassem para cima, desse impulso, queria que essa rivalidade besta criada dentro e fora da favela um dia tivesse um fim. É um mundo perfeito e até utópico, mas só o feminismo nos ajudará a conquistar isso. Só a empatia nos ajudará com isso. Só políticas públicas voltadas para as mulheres no ajudará com isso. É muita luta, talvez eu nem esteja aqui para ver o progresso das mulheres, mas que não desistamos, por favor.     Que possamos entender que o feminismo precisa estar para além de discursos, do academicismo, ele precisa estar enraizado em nós, nas nossas pequenas atitudes diárias. Não desistamos umas das outras mulheres. Abram as suas mentes, mulheres e homens. Mamães e papais criem suas filhas para serem donas de si e criem seus filhos para aprenderem a respeitar uma mulher. Mulher, não se cale! Esse é o meu apelo. 

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