Eu estava pensando hoje sobre algumas coisas
do meu convívio pessoal com amizades, com meus familiares, meu companheiro e
outras pessoas a qual me relaciono direta ou indiretamente, no sentido de não
haver constância na convivência e refleti sobre algumas coisas que resolvi
compartilhar com vocês, de modo que a gente possa ter essa reflexão e essa
conversa interna conosco.
Sabe, em muitos momentos da nossa vida a
gente se sujeita a tantas situações que nos fazem mal na tentativa de ajudar o
outro e se fazer presente na vida do outro que terminamos esquecendo a pessoa
mais importante diante disso tudo: nós mesmos. Muitas vezes nos colocamos em
situações vulneráveis e aceitamos as migalhas que as pessoas querem nos
oferecer em troca daquilo que doamos sem nem sequer se questionar se essa
pessoa a qual você faz tanto por ela faria o mesmo por você.
Infelizmente há muitas pessoas mesmo sendo
teu amigo, teu companheiro ou alguém da tua família que se aproveitam da tua
bondade de maneira muito negativa e não retribuem da mesma forma ou do jeito
que ela consegue fazer e muitas vezes não é por não saber como e o que fazer, é
realmente porque não quer fazer, porque não sente vontade, porque só quer o
‘’vem a nós’’, como diz a minha mãe. E, como ouço por aí, ser bonzinho demais
nem sempre é bom, porque as pessoas gostam de se aproveitar da bondade alheia,
portanto, equilíbrio e sensatez nesses momentos.
Eu particularmente já vivi algumas situações
em relação a isso que hoje eu não me permitiria passar por isso novamente
simplesmente porque eu sei que o outro a qual me atingiu não faria e nem fez o
que eu fiz por ela. Enquanto que com outras pessoas que pela minha teimosia de
não querer fazer algo por ela diante dos atritos e por receio da pessoa não
gostar, foi a quem fez algo por mim sem que eu esperasse e sabe, foi algo muito
simples, foi algo que de certa forma alegrou um pouco o meu dia.
Então, em muitos momentos da nossa vida a
gente deixa de valorizar e dar atenção a quem realmente merece. Deixamos passar
por despercebido pessoas que realmente nos fazem bem no nosso dia-a-dia, que
mesmo com os seus piores defeitos, aqueles que a gente mais repugna e diz ‘’não
consigo conviver com alguém assim’’ fazem algo por nós e muitas vezes nem
percebemos que essa é a pessoa a quem magoamos porque estamos querendo fazer
tanto pelos outros lá fora que não fazem nada por nós que terminamos por não
fazer algo pelas pessoas de dentro da nossa própria casa, do nosso convívio
mais íntimo, das pessoas que realmente estão ali torcendo por você e que mesmo
que não saibam de um terço da tua história e das tuas batalhas diárias, querem
o teu bem.
Tá Natalia, o que você está querendo dizer
com tudo isso? O que eu quero dizer com tudo isso é que a gente precisa parar e
pensar sobre a quem de fato está disposto a ser teu amigo e eu falo de ser
amigo na vida real porque hoje em dia, com essa acessibilidade tão grande a
internet, a coisa mais fácil do mundo é ser amigo por rede social: compartilha
e resolve os problemas por rede social e na vida real só se encontram para o
divertimento. É muito raro você ver alguém que no seu momento de dor lhe
convide para ir para algum lugar para que você converse com ela sobre os seus
dias ruins. É muito raro você ver alguém que diz tanto ser seu amigo e que você
pode ‘’contar sempre’’ estar com você quando você perde alguém a qual você
amava ou quando você está com as suas crises depressivas, de ansiedade ou de
auto-depreciação porque simplesmente há pessoas que só querem ver a sua melhor
versão e me desculpa, mas isso para mim não é nem de longe ser amigo.
O que eu estou querendo é fazer com que você
reflita se realmente vale a pena você fazer tanto pelos outros (outros aqui são
amigos, companheiros, familiares...) enquanto que esses outros não fazem nem um
terço por você para retribuir aquilo que você faz. E, se realmente vale a pena
você aceitar as migalhas que essas pessoas lhe oferecem como sendo aquilo que
elas podem lhe dar, quando na verdade, com outras pessoas a qual ela tenha uma
consideração maior ou seja lá o que for, ela oferece o melhor dela, melhor esse
que você desconhece porque está tão cego que não vê que essa pessoa
simplesmente não faz nada por você e só você é quem faz por ela. Que não há um
equilíbrio na relação, não há uma reciprocidade (reciprocidade aqui não é fazer
exatamente o que o outro fez de volta, mas, retribuir da sua maneira o que
fizeram por você). Precisamos nos impor enquanto ser humano e nos valorizarmos.
Para finalizar essa conversa, o que quero
tentar deixar claro aqui é que você não precisa se forçar para caber no mundo
das pessoas, você não precisa fazer algo na tentativa de chamar a atenção do
outro para que permaneças na vida dele, você não precisa ser bom o tempo todo
sem que também não sejam com você (a menos que você realmente queira isso para
a sua vida) e por fim, aqui não falo de criar expectativas sobre as pessoas ou
esperar algo em troca daquilo que você faz de bom, o que quero falar aqui é
sobre bom senso, porque se alguém lhe considera realmente importante na vida
dela, é claro que ela irá retribuir o que de bom você faz e eu falo disso é na
simplicidade das coisas, não é sobre algo extraordinário/grandioso, é sobre
coisas singelas, é sobre, por exemplo, você estar disposto a ver aquela pessoa
para que ela lhe conte dos problemas dela e ela consiga fazer o mesmo por você,
quando você precisar, porque isso é o mínimo.
Enfim, não é sobre esperar algo em troca do
outro, é sobre reciprocidade em sua essência, é sobre ser recíproco por
vontade, não de maneira forçada. É sobre o outro gostar de quem tu és e fazer
questão de te ter por perto por quem tu és, independente se tens algo de bom
para oferecer ao outro ou não, porque só a tua amizade já é algo bom na vida de
alguém. Você não merece as migalhas de afeto de ninguém. Você é bem mais do que
isso. Se valorize, se ame, se cuide e também faça tudo isso para quem também
está disposto a fazer tudo isso por você. Você é um ser humano lindo e só
merece pessoas do bem, que te amem pela tua essência ao teu lado. É isto.