Antes de compartilhar
com vocês a reflexão que tive acerca desse assunto, deixo claro que o que
escreverei aqui foi a partir de experiências no meu meio familiar, mas que não
tenho maturidade alguma para falar a fundo sobre, porque nunca tive a
experiência de ser mãe, de ter uma família, mas senti a necessidade de
compartilhar com vocês essa reflexão.
O laço afetivo entre
pais e filhos deveria ser muito mais do que aquela ligação sanguínea que
acontece dentro da barriga da mãe, a ligação afetiva nesse sentindo, seria
muito mais importante. Muitas vezes ou na maioria das vezes senão sempre, os
nossos pais nos criam para que reproduzamos a criação que eles nos deram, só
que na maioria das vezes senão sempre novamente, isso não acontece e os nossos
pais se frustram. É compreensível esse tipo comportamento por vários motivos e
três deles seriam a criação que eles tiveram, a geração a qual eles estavam
inseridos e os valores morais deles e tudo isso gera uma série de conflitos
familiares porque os pais se encontram numa geração mais modernizada e os
filhos são criados dentro dela na perspectiva da geração anterior, dos costumes
anteriores.
Diante desses conflitos
de gerações entre pais e filhos e de personalidades distintas, há uma coisa que
precisa ser dita: Pais, os seus filhos não são e não serão os seus clones. Os
seus filhos não irão viver em prol de vocês porque eles são livres, eles irão
viver a vida deles, irão construir a vida deles e irão aprender e amadurecer a
partir das experiências de vida deles. Eles são livres para escolherem viver da
forma que querem, vocês não podem viver por eles e nem tão pouco resolverem os
problemas deles, vocês fizeram a sua parte, agora é com eles. Pais, vocês dão o
subsídio do caminho para que eles vivam, mas eles não precisam necessariamente
seguir todos os conselhos que vocês deram, porque cada um tem a sua
personalidade e quando eles amadurecem, podem e não podem ter a mesma visão de
vida que vocês. E entendam, ‘’o que é certo para mim pode não ser certo para
você’’ também se aplica na relação entre pais e filhos. Uma vez eu estava no
centro espírita, numa reunião de terapia desobsessiva e uma mãe aparentava-se
frustrada porque criou o seu filho em determinado caminho, mas ele escolheu
viver de outra forma. O palestrante e regente da reunião por sua vez, deu-lhe
um conselho magnífico: Você fez a sua parte. Ele irá sofrer as conseqüências
das escolhas que fez e irá fazer, sendo boas ou ruins. Penso eu que esse
conselho deve ter doído nela, mas que é a verdade e ela precisa ser dita, às
vezes é duro ouvi-la, mas é necessário.
Muitas vezes
confundimos o amor entre pais e filhos com o fato dos pais darem as condições
mínimas para eles viverem com decência: estudar numa boa escola, se alimentar,
ter o que vestir ou ter dinheiro para se divertir, etc. Mas, se esquecem de que
isso não tem muita importância se faltam algumas coisas, como: afeto, atenção,
cuidado, amor em resumo. O que vemos são os pais chegando cansados de seus
afazeres diários e não beijam os seus filhos, não brincam com os seus filhos e nem lhes
perguntam como foi o seu dia na escola, o que aprendeu de novo e quando o filho
ousa em contar, os pais simplesmente dizem ‘’agora não filho/a, eu estou
cansado’’. Daí deixa de perceber quando o filho cresce, desenvolve problemas
psíquicos pela ausência de afeto dos pais e quando pensam em remediar o
problema já é tarde. Daí observamos adolescentes frustrados, inseguros e com
transtornos psíquicos pela ausência de afeto dos pais que poderia ter sido
evitado com um simples gesto de carinho, com uma simples pergunta, ‘’como foi o
seu dia?’’, com dez minutos do seu dia para brincar com seus filhos.
É por isso que diante
disso tudo eu digo: É muito fácil colocar uma criança no mundo, acho que é a
melhor parte diria. Mas, assumir a vida de uma criança, cuidar e principalmente
educar é uma tarefa árdua, pois estaremos lidando com outra vida que irá
crescer, irá viver experiências novas ou parecidas com as que já vivemos, irá
formar a sua personalidade, seus gostos e tantas outras coisas, sem contar que
lidaremos com a vida dela e a nossa vida, as nossas dificuldades, os nossos
momentos que nem nós nos suportamos. Por isso que a escolha de ser pai e mãe
deve ser pensada e repensada mil vezes, porque afinal ser pai ou mãe é uma
grande missão para a vida espiritual principalmente, porque quando somos
colocados dentro de um lar, é ali que aprenderemos o que precisa ser aprendido
para o nosso espírito, afinal a vida aqui é só uma passagem.
Aos pais, amem os seus
filhos, cuidem, perguntem como eles estão, o que aprenderam na escola, como foi
o dia deles, acolham-nos, porque da mesma forma que vocês gostariam de se
sentirem amados ao chegarem em suas casas e a sua esposa ou esposo perguntar,
‘’como foi seu dia?’’, o seu filho também quer se sentir amado e acolhido. Não
é porque seus filhos vivem enfurnados no quarto estudando, jogando ou passam o
dia inteiro na rua porque precisam trabalhar e estudar que eles são invisíveis.
É preciso haver uma mudança de hábito e são os pais que precisam rever isso,
afinal, a criação foi dada por eles e pasmem, não tem idade para a mudança de
hábito. Seu filho pode ter 30 anos de idade, se você chegar e perguntar a ele
se ele está bem, com certeza será plantada uma sementinha para que ele também
possa fazer a mesma coisa. Eu falo isso pautado na minha realidade, porque se
os meus pais, precisamente o meu pai, me desse espaço para que ele pudesse me
conhecer melhor e me deixar ser uma filha mais amorosa, certamente a relação
seria diferente. Claro, o filho também pode tentar, às vezes os pais também esperam
por isso, mas é preciso principalmente deixar o ego de lado porque a vida aqui
é passageira e muito curta para perder tempo não distribuindo amor a quem se
ama.
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